n. 28 (2021): Elites políticas na América Latina: socialização, trajetórias e capitais
Artigos

Relutantes a pagar? Elites econômicas e desempenho do Estado no Chile

Jorge Atria
Universidad Diego Portales
Julius Durán
Investigador independiente

Publicado 2021-12-30

Palavras-chave

  • elites,
  • tributação,
  • desempenho do Estado,
  • Chile,
  • redistribuição

Como Citar

Atria, Jorge, Julius Durán, e Simón Ramírez. 2021. “Relutantes a Pagar? Elites econômicas E Desempenho Do Estado No Chile”. Pléyade, nº 28 (dezembro):84-115. https://www.revistapleyade.cl/index.php/OJS/article/view/340.

Resumo

O que pensam os grupos sociais mais endinheirados acerca do pagamento de imposto? Qual é a visão desses grupos a respeito do papel do Estado? Como essas percepções diferem do desempenho fiscal do Estado chileno? Embora o Chile seja considerado um dos países com a maior capacidade estatal na América Latina, a sua política de impostos compartilha várias características com países de menor rendimento na região, a saber, a limitada redistribuição e a retrógrada estrutura tributária, apresentam uma deficiente habilidade no enfrentamento à desigualdade. Este artigo se baseia em uma apurada análise do rendimento do Estado, incluindo a comparação do Chile com o Uruguai e Portugal, bem como 32 entrevistas com membros da elite econômica chilena. Neste artigo analisaremos as percepções da elite econômica em relação aos impostos e o papel redistributivo do Estado, assim como as divergências entre a qualidade dos gastos do governo e as percepções desta elite. A desconfiança das elites nas ações do Estado leva à falta de vontade ou indisponibilidade para pagar impostos, os quais, em primeiro lugar, são observados mais como um custo do que um instrumento para a promoção da solidariedade ou cooperação social. Além disso, se bem os impostos são percebidos como muito elevados, a efetividade da taxação de impostos dos contribuintes de maiores ingressos está em paridade com a das classes de menor renda. Por um outro lado, ressaltamos a necessidade de analisar o desempenho fiscal, considerando tanto o gasto quanto a arrecadação –incluindo os mais opacos indicadores tais como as despesas fiscais–, e, repensando estratégias de comunicação para apresentar com maior clareza o desempenho do Estado.